Alguns meses depois desta conversa, Jorge enviou um mensageiro com um pacote para a organização conhecida como "Guilda a Motor". Ele continha uma folha de Galorium trabalhada, com qualidade ligeiramente superior a que os "Anões de Fogo" conseguiam processar. Em sua carta, uma simples mensagem: "De onde esta veio, creio que poderia vir uma melhor. Podem me enviar alguns especialistas para conversarmos?".
A Guilda a Motor não dormiu neste dia. Normalmente faz um barulho infernal em suas oficinas (em geral gritos de expectativa, de dor ou de alegria... e explosões, seguidas de silêncio, em todas as criativas combinações imagináveis destes elementos sonoros...), mas naquele dia nenhum foi mais alto que as discussões no grande salão da casa. Análises químicas imediatas comprovaram aquilo que anos de manipulação das chapas já diziam apenas de olhar para a peça enviada: A chapa de galorium de Jorge era ótima! Para ínicio de conversa, percebeu-se que TODOS os problemas decorrentes das impurezas que a fuligem do vulcão dos Anões depositava no metal estavam prestes a serem deixados para trás. Quem conseguia imaginar que outros avanços poderiam ser conseguidos?
A própria perda do monopólio dos Anões de Fogo foi discutida, bem como as leis do reino foram todas revisadas (locais que fazem muito barulho, e onde seus membros perdem alguns membros, às vezes, são sempre alvos de ações de despejo, terreno fértil para que alguns engenheiros se debruçassem sobre leis municipais com a mesma freqüência em que liam tratados de termodinâmica...) para averiguar a legalidade de outro fornecedor deste metal estratégico.
Dias depois, um grupo da Guilda a Motor foi falar com Jorge. Não conseguiram entender como negociar com ele o galorium, sem esbarrar na lei dos Anões
O que ninguém havia percebido, disse Jorge, é que a lei proíbe a venda DO MINÉRIO... E Jorge não vendia o minério para ninguém, ele mesmo minerava e processava o metal... Não existe lei que impeça a venda do metal!
-Mas sua mina é pequena! Como vai atender a demanda do mercado?
-Eu também não compro minério dos outros mineiros, trabalharemos em esquema de cooperativa, eles são os donos de seus minérios, beneficiam aqui em minha guilda "Fogo de Jorge" e saem donos das chapas e barras de galorium. Os senhores vão perceber, nestes documentos, que minha organização negocia os lotes dos mineiros, mas não somos donos do minério e/ou das chapas... Igualzinho aos navios que fazem o transporte do minério, onde os navios também não são donos da carga!
-Pelo Grande Engenheiro, Seu Jorge! Como foi que pensou em tudo isso?
-Ah, apenas o velho ditado: Nunca assine um contrato com uma criatura extra-planar abissal com asas de couro e cheiro de enxofre sem ler as entrelinhas...